A perfeita eloquência

  A perfeita eloquência

 

Da elocução

Do latim. elocutio.
Do grego. Léxis(λέξης).

Expressão, dicção.


[22. Clareza e nobreza da elocução poética] – Aristóteles, Poética (Tradução de Paulo Pinheiro)

“A virtude da elocução é a de ser clara e não vulgar. Claríssima, porém vulgar, é a elocução constituída de nomes correntes(habituais); exemplo disso encontra-se na poesia de Cleofonte e na de Estênelo. A elocução é respeitável e apartada do ordinário quando emprega nomes inabituais.” 


    Para o mais belo dos poemas, os trágicos, Aristóteles, recomenda que usemos os nomes inabituais, alongando as palavras, as tornando claras de sua definição, sem deixar resquícios de dúvidas sobre o leitor ou ouvinte.

    Penso se para que o discurso seja o mais belo e o mais inspirador possível, também tenhamos que usar de seu conselho? Devemos fazer de suas palavras, verdade? Imaginemos. Uma plateia que conhece o tema a ser apresentado, eles esperam o melhor, o mais belo dos discursos, algo que nem eles conseguiriam realizar, uma inovação, algo realmente, inabitual. Como fazer de suas expectativas uma realidade? Deve está pensando, com um discurso de maior perfeição possível, mas isso ainda é muito vago, pense como seria um discurso de maior perfeição. Eu diria ser aquele que mais esclarece, sendo assim, alongando para não restarem dúvidas, escolhendo as palavras corretas e objetivas.

    Concluo que para ter Eloquência em um discurso, é preciso ser um poeta trágico. 

 

Da forma

Do latim. forma.

Do grego. morfí(μορφή).

Modo, aparência.


Thomas Common sobre sua tradução em “Assim Falou Zaratustra”


“o texto original havia sido escrito num alemão bíblico pseudoluterano, portanto, a melhor forma de apresentá-lo na minha tradução para o inglês seria de conservar fidelidade ao estilo bíblico do rei James”

    Nesse momento, é prioridade pensarmos no Modus operandi, o método pelo qual é executado é fundamental para dar beleza ao discurso, a beleza é dada seja pelo instinto divino ou pelas leis da natureza, o quanto mais longe do erro, mais belo e próximo do acerto.

    O exemplo do Nietzsche em minha opinião é perfeito para o que quero explicar, ele usou de toda maestria para que a linguagem usada na sua obra mais bela, fosse a linguagem de mais altíssima elevação, neste caso a divina, ele usou de uma linguagem divina para pregar contra o divino, genial e cômico em simultâneo, a sua maestria com a linguagem usada no "Zaratustra" não está presente apenas na norma culta, mas no seu objetivo ao usar, como filólogo, ele sabia muito bem que apenas conteúdo não dita grandeza, mas que o primeiro aspecto a ser notado é a forma, e a forma está para a beleza, assim como a beleza está para a estética.

    A forma deve ser como a elocução, única, inabitual, indistinguível e clara.

 

Do conteúdo

Do português antigo. conteer + udo.

Interior, sentido.

 

Papa Gregório X sobre São Tomas de Aquino

“São tantos milagres quantos artigos!” 
 

    O conteúdo dos artigos de São Tomas é de tanta grandeza que o papa os considerou milagres, é esperado isso quando se espera um discurso verdadeiramente perfeito, se espera um milagre, para que a base da excelência no momento de discursar seja firme, é preciso tanto um conteúdo milagroso quanto uma forma milagrosa, o conteúdo do discurso deve ser da mesma elevação da forma que foi proposta expressar, para que não penda para o lado e caia.

    E o que haveria em um conteúdo milagroso, vejamos novamente São Tomas, um gênio em seus aspectos intelectuais e religiosos, para com que ele escrevesse um conteúdo genial, foi preciso que ele próprio fosse um gênio, logo para que seus discursos soem a mais elevada perfeição, é preciso que seu interior seja o mesmo, para fazer milagres precisa ser santo, para poemas é preciso ser poeta, e para ser o melhor orador, é preciso ser as palavras que pronuncia.

    O domínio sobre o conteúdo é fundamental, a ponto que se torne o próprio.

 

Do equilíbrio (entre forma e conteúdo)

Do latim aequilibrĭum

Do grego isorropía (ισορροπία)

Harmonia, estabilidade.


Tiago 3:2


“Todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refrear também todo corpo.”

 

    Contendo a segurança do autocontrole sobre ambas as qualidades descritas aqui, certamente a excelência foi já alcançada, pois se o conteúdo for dominado e souber de todas as coisas, assim como sente que está vivo, verdadeiramente dominou o conteúdo, e se a forma se estende ao mais elevado das linguagens e códigos humanos, como se visse pessoalmente a face de Deus, dominou verdadeiramente a forma, e se consegue manter ambas habilidades, foi alcançada a perfeita eloquência, podendo falar ao entendimento de todos.

 

 

 

 Escrito por Moisés Max "HK"